domingo, 31 de agosto de 2008

Kafka à Beira Mar

Haruki Murakami, foi o meu companheiro de férias com o seu Kafka à Beira Mar. Estes japoneses são loucos, se ainda dúvidas restassem, mais uma obra literária a comprová-lo. No meio da sua loucura uma capacidade imensa de ser feliz de uma forma que nós ocidentais nunca iremos compreender.

«Há anos que Nakata não sabia o que era ver o mar, uma vez que não havia mar em Nakano. Agora, pela primeira vez, dava-se conta das muitas saudades que tinha. Durante todos aqueles anos não pensara sequer nisso. Como que a confirmar esse mesmo facto, acenou afirmativamente com a cabeça, esfregou o pouco cabelo que tinha, voltou a enfiar o gorro e deixou-se ficar ali durante muito tempo, sem tirar os olhos do mar. Tudo o que sabia acerca do mar confirmava aquilo que os seus olhos abarcavam: estendia-se a perder de vista, a água sabia a sal e era lá que os peixes viviam.
Ficou sentado no banco, a respirar o ar do mar, vendo as gaivotas a voarem em círculos por cima da sua cabeça, observando os barcos ancorados ao largo. Olhava e olhava e não se cansava do que via. Volta e meia uma gaivota branca pairava sobre as verdes ervas de Verão e pousava no parque. O contraste do branco com o verde dava um belo quadro. Nakata tentou chamar uma gaivota que andava por ali a passear na relva, mas ela não lhe deu resposta, limitando-se a lançar um olhar impessoal. Não se via nenhum gato. Os únicos animais no parque eram as gaivotas e os pardais. Enquanto Nakata bebia pequenos goles de chá do seu termo, começou a pingar, e ele abriu o seu precioso chapéu -de-chuva.»

Com ou sem FMI...