quinta-feira, 29 de março de 2007

País de brandos costumes

Uma dúvida: O que é que terá de facto aumentado, a violência ou a denúncia?

Vão andando de foguete


Há quem ande por aí a colar cartazes com mensagens xenófobas sobre imigrantes e aviões para transportar os mesmos daqui para fora. Se a moda pega pelo mundo calha os portugueses que por lá andam espalhados a roubar trabalho aos outros (e agora até a assaltar bancos em Miami) a virem recambiados não cabem cá todos. O melhor será estes rapazes começarem a pensar onde é que vão pôr tanto português emigrante recambiado pelos seus congéneres ideológicos de aqui e além mar. Por mim esta mocidade dos cartazes podia ir toda de foguete para Marte isso sim era um bom serviço prestado à nação. Pelo menos lá ninguém os incomodava e podiam ser felizes à grande.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Dias...


Dias esquecidos um a um, inventa-os a memória.
Profundamente se levanta uma bilha vazia.
Nem o peso nem a leveza nos embriaga.
O perfume a vinho, sim, uma
concavidade do sono.Os dias maciços que se
modelaram. Ou as luzes à volta do barro
onde ficam os ciclos curvamente
ligeiros.
As bilhas ao alto, entre os ombros, contra
a cara amarga, estremecendo com o sangue dos braços
e da cara. Plenas como dias enormes,
acabados. Que são agora imagens fabulosas, mútuas
translações - o escuro em torno dos espelhos vazando de uns
para os outros a sua vida
clara.
Texto: Herberto Helder
Imagem: Robert Mapplethorp

Os maiores jumentos de sempre


Foram mesmo 41% a votar no Sôr António? Fica aqui a fotografia de um potencial candidato de entre os votantes para a próxima eleição.

domingo, 25 de março de 2007

Auxiliar de memória para Cavaco Silva


Meio Século

Meio século. Todos os que nasceram depois de 1957 nos países que constituem o núcleo duro da UE (CEE nos primórdios) não conhecem outra realidade que não a de pertencerem à «família Europeia». Para os Estados que entretanto foram aderindo, a realidade é um pouco diferente. Como é encarada esta aliança de cinquenta anos por uns e outros, é talvez a questão essencial. As questões políticas e económicas com que a UE dos dias de hoje se confronta são complexas e de difícil resposta. Existem perspectivas mais pessimistas outras mais optimistas, todas elas baseadas em conjunturas mais ou menos favoráveis no contexto global que é o mundo de hoje. Defender os interesses Europeus no mundo, ignorando os interesses nacionais dos estados membros, tanto a nível interno como externo, não parece ser um bom caminho e fomenta um cada vez maior virar de costas por parte dos cidadãos à designada construção Europeia. É impensável para um país como Portugal desvincular-se da UE, as consequências sócio-económicas seriam dramáticas. No entanto para países como a Alemanha ou Inglaterra o custo não seria tão elevado...não considero, no entanto, que tudo se resuma a questões económicas todos sem excepção teriam a perder a longo prazo, acima de tudo em termos estratégicos. O trabalho de fundo passa por envolver os cidadãos nas questões fundamentais transportando-as para a realidade desses mesmos cidadãos, e enquadrado-as sempre no âmbito do Estado membro onde estão inseridos. Tudo passa pela partilha de um ideal (por mais utópico que seja) e acima de tudo pelo respeito entre as diferentes culturas e vivências Históricas. A unidade na diversidade tem de ser respeitada.
À parte disto temos ainda os maus exemplos de Países como Inglaterra cujas sucessivas governações têm em várias alturas contrariado o interesse Europeu em prol do interesse Nacional, se por aí forem todos será a sentença de morte.
A UE atravessa uma crise institucional e Política, é um facto, mas apenas o tempo, «esse admirável escultor», poderá indicar quais os caminhos a seguir.

O melhor amigo do Homem

Costuma-se dizer dos animais, daqueles que vivem com humanos, que são um reflexo dos donos. O tipo de animal que se tem pode ser à partida indício daquilo que se espera do mesmo. Companhia? Uma relação de amizade? Desafio aos dotes de domesticação? Empatia? Inspiração? Estes são talvez os mais comuns. Parece que há uns bons tempos a esta parte se têm juntado outros factores menos óbvios como por exemplo a moda, o status social, ou o instinto de competição. Só através destes últimos anseios consigo perceber que alguém tenha como animal de estimação (isto no universo canídeo, que é o mais vulgar) Rotwiller’s, Pittbull’s, Boxer’s, Dobermen’s, etc. Estes animais têm em comum, o facto de se tornarem perigosos perante situações inesperadas, pelo que requerem determinado tipo de tratamento e de habitat. Quero com isto dizer que não considero este o tipo de animal que qualquer pessoa tenha em casa num ambiente familiar, especialmente se não tiver recebido formação especifica para lidar com este tipo de raças. O que se observa é que de repente se tornou normal e mediático possuir um destes animais, como quem possui um rafeiro ou um hamster. Compram-se e são caríssimos. Parece que o pacote legislativo existente ainda não produziu grandes efeitos. Qualquer das formas, possuir um destes canídeos como animal de estimação em condições que potenciam a sua perigosidade é no meu entender criminoso e revelador de um total desrespeito pelos outros assim como pelo próprio animal em questão. Preconceito? Cada um com os seus.

domingo, 18 de março de 2007

Primavera


(...)

I believe in the flesh and the appetites.
Seeing, hearing, feeling, are miracles, and each part and tag of me is a miracle.
Walt Whitman
Imagem: Vincent Van Gogh

O Regresso dos Mortos Vivos II


E não é que o homem não desaparece da televisão? Soma e segue a propaganda sobre a «Obra» feita (esta é para rir), e lamenta o Parque Mayer... O que podia ter sido. O homem não desiste, e o disparate persiste.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Trapalhadas e Trafulhices

Mais uma notícia de arromba sobre a contabilidade nacional. Desta vez o contemplado foi o Ministério da Justiça. Depois dizem que o povo anda deprimido, pois pudera todos os dias recebemos mais do mesmo.

Direito à morte


Se já existe o direito à vida, porque não o direito à morte?
Obrigar alguém a estar vivo sem ter as mínimas condições de desfrutar desse estado é tão criminoso como o contrário.
A morte é, e adivinha-se que continue a ser, o maior tabu da existência humana. Não conseguimos lidar com a nossa finitude e tentamos negá-la desde os primórdios dos tempos, seja através das religiões, seja através da medicina. Devemos ser a única espécie cujo instinto de sobrevivência se prolonga para além da própria vida, mas cheira-me que o nosso fim não deve ser muito diferente do fim dos peixes ou das ervas que não têm religião nem parapsicologia.
Enfim, deveríamos estar mais empenhados em acabar com o sofrimento, quando ele se manifesta do que em prolongá-lo quando o mesmo se torna insuportável.
Quando eu morrer, batam em latas, que eu quero por força ir de burro.

terça-feira, 13 de março de 2007

Lisboa que amanhece


Cansados vão os corpos para casa
Dos ritmos imitados doutra dança
A noite finge ser
Ainda uma criança de olhos na lua
Com a sua
Cegueira da razão e do desejo

A noite é cega, as sombras de Lisboa
São da cidade branca a escura face
Lisboa é mãe solteira
Amou como se fosse a mais indefesa
Princesa
Que as trevas algum dia coroaram

Não sei se dura sempre esse teu beijo
Ou apenas o que resta desta noite
O vento, enfim, parou
Já mal o vejo
Por sobre o Tejo
E já tudo pode ser
Tudo aquilo que parece
Na Lisboa que amanhece

O Tejo que reflecte o dia à solta
Á noite é prisioneiro dos olhares
Ao Cais dos Miradoiros
Vão chegando dos bares os navegantes
Amantes
Das teias que o amor e o fumo tecem

E o Necas que julgou que era cantora
Que as dádivas da noite são eternas
Mal chega a madrugada
Tem que rapar as pernas para que o dia
Não traia
Dietriches que não foram nem Marlénes

Em sonhos, é sabido, não se morre
Aliás essa é a Única vantagem
De após o vão trabalho
O povo ir de viagem ao sono fundo
Fecundo
Em glórias e terrores e aventuras

E ai de quem acorda estremunhado
Espreitando pela fresta a ver se é dia
E as simples ansiedades
Ditam sentenças friamente ao ouvido
Ruído
Que a noite se acostuma e transfigura
Na Lisboa que amanhece

Texto: Sergio Godinho
Imagem: Maria Helena Vieira da Silva

Ás vezes o que se ouve por acaso e inesperadamente no regresso a casa, faz com que o dia tenha valido a pena. Gosto muito da versão desta música cantada pelo Sergio com o Caetano no Irmão do Meio.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Um para todos, todos num.


Alguém se lembrou que a História da Europa será melhor contada aos petizes dos 27 que constituem a UE se contada a uma só voz. Foram os alemães que se lembraram disto, o que não é um bom presságio. Voltarei a este post mais tarde se houver desenvolvimentos sobre o tema, que promete àgua pela barba.

Hoje lembrei-me delas

Quem tem telhados de vidro...


Os nossos amigos americanos publicaram um relatório sobre Portugal onde relatam as atrocidades que por cá se praticam nas prisões. O ministro António Costa respondeu à letra sobre o valor de tal documento, especialmente vindo de onde vem.
Á falta de Guantanamo podemos sempre começar a usar as Berlengas, como lá não há nada, é capaz de passar despercebido ao olho clinico de quem elabora tais relatórios.

terça-feira, 6 de março de 2007

Porrada, e da grossa

Cada vez mais, ir à escola, seja como aluno ou professor é sinónimo de apanhar. Já lá vai o tempo em que só os alunos é que apanhavam, agora toca a todos. Eu ainda apanhei duas réguadas na primária. Uma por ter riscado uma mesa, que não riscara e outra por não saber quanto eram duas vezes oito... isto foi logo a seguir à Revolução e lembro-me de, já nessa altura, o meu pai querer ajustar contas com a professora (não através de nenhuma cena de pugilato, coitada da senhora, mas por outros meios mais civilizados). A questão é que parece que os meios civilizados existem, de uma forma mais ou menos eficiente, civismo é que não. E a questão da falta de civismo tal como o apanhar também vai tocando a todos. Pais, alunos e professores. Estamos perante uma escalada interminável que tem por base todos os problemas psico-sociais e todas as fragilidades do próprio sistema de ensino. Muito há a fazer relativamente a esta questão, medidas administrativas não chegam e estão longe resolver a situação que se vive actualmente nas escolas.

As Burras e os Broncos

Constou-me que vem por aí mais um reality show à boa maneira da TVI. Desta vez trata-se de enfiar numa casa remodelada de propósito em Azeitão (por uma pipa de massa) um elenco de belas mulheres - vulgo- Gajas boas e um elenco de homens muito inteligentes - como contraponto a este adjectivo presume-se que as gajas sejam muito burras. Parece ser este o pressuposto do programa: Mulheres muito belas reunidas no mesmo espaço com homens muito inteligentes. O programa intitula-se A Bela e o Mestre. Se formos pela analogia entenda-se que os homens muito inteligentes devam ser uma espécie de Quasímodos muito broncos a babarem-se atrás das ditas gajas boas muito burras a quem nada lhes resta a não ser obedecer ás ordens de um presumível mestre. Com um panorama destes as audiências devem ser garantidas. Que saudades que eu tenho do deprimente Arreganha a Taxa, que com custos de produção mais baixos conseguia promover o mesmo nível de estupidez.

sexta-feira, 2 de março de 2007

O regresso dos mortos vivos

Podia ser uma longa metragem do fantasporto, mas não. É mesmo o festival de cinema da política nacional. Pois é. A falta de gente com capacidade de liderança para não falar de outas incapacidades notórias, para liderar a oposição tem deixado a direita à deriva e à mercê das suas próprias fraquezas. Em desespero de causa andam a querer ressuscitar as mesmas caras de sempre. Não têm mais ninguém? Que mal se anda por aqueles lados.

Com ou sem FMI...