quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu


Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar


Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega num muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá

Texto - Vinicius de Moraes - Imagem - Beatriz Milhazes

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A caminho de nenhures...

Hoje foi notícia a estreia do filme ATurma, parece que os nossos vizinhos franceses também têm muito com que se entreter no que toca ao ensino.
A escola é um reflexo da sociedade e vice versa, que sociedade teremos no futuro? A democratização da escola começa a ser cada vez mais uma miragem e estamos a assistir a um retrocesso histórico em que a escola pública vai ficando com aqueles que não conseguem pagar a escola privada...a quebra da qualidade acompanha a quebra da exigência e com isso ficamos todos a perder...Pode ser que esta crise ajude a refrear os impetos capitalistas e que a sociedade comece a olhar para si própria de uma forma mais humana. Enquanto houver pais a manter dois empregos para garantir o sustento da familia, estamos a colocar em risco toda a estrutura que serve de base à sociedade.
Vivemos num tempo em que tudo está escandalosamente acessivel e ao mesmo tempo inalcansável. Os nossos jovens têm computadores, telemoveis, roupa de marca. dinheiro no bolso mas não têm pais, pois os mesmos estão demasiados absorvidos em pagar as contas, ficam portanto entregues a si próprios e á sua natureza, pior ainda para aqueles que são oriundos de outras culturas em que o abandono torna a sua integração mais complicada. Junte-se a isto aqueles com verdadeiros problemas socio-económicos e temos um retrato um tudo nada assustador do futuro. Existe uma têndencia em todas as épocas para se achar que os jovens são sempre «inferiores» à geração antecedente, gostava de não cair nessa armadilha, vejo no entanto dois elementos novos comparativamente ao passado: o desrespeito pelas estruturas democráticas e uma acentuada ausência de valores, sejam eles éticos ou ideológicos. Felizmente não podemos pôr tudo no mesmo saco e há que reconhecer que existem outros tantos bastante sensiveis às causas humanitárias e ambientais. Há «tribos» positivas, a grande questão é onde é que se irão situar as maiorias no futuro...

Por falar em Halloween...

Isto é o máximo!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Casamentos e Divórcios

O casamento entre pessoas do mesmo sexo não está na agenda política deste governo, já têm problemas de sobra com tudo o resto Na agenda houve, mesmo assim, espaço para alterar a lei do divórcio, apesar da cavaquice moralista do costume, a coisa lá avançou e ainda bem.
Esta propensão para se deliberar sobre a vida alheia é uma chatice. É uma chatice termos uma constituição que diz « A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação» e que depois na prática seja sempre ensombrada pelos fantasmas judaico-cristãos que povoam as cabecinhas. Receosos do inferno, este cidadãos e cidadãs não conseguem viver em paz com a diferença e tudo é um atentado às suas vidinhas políticamente correctas (às vezes cheias de segredos de alcova e preversidades ocultas). Escondido tudo passa despercebido, às claras ofende e atormenta. O que mais me chateia é o facto de haver pessoas reais a sofrer com toda esta estupidez. Não se trata só do divórcio ou dos casamentos homosexuais, é o mesmo em relação ao aborto, à utilização de células estaminais ou o que por aí mais houver que ponha em causa a santa fé. A liberdade de escolha parece de facto incomodar esta gente que é capaz de se encarniçar mais com o sexo do que com a violência, pois parecem não entender ser essa o último reduto da intolerância.

De crise em crise...

A crise veio para ficar, da Banca à Economia real são dois passos. As empresas não investem, perdem negócio, apertam o cinto. reduzem custos á força. o downsizing ganha força, o desemprego aumenta, o poder de compra das pessoas diminui e daqui por uns tempos, quando o vendaval passar, alguém vai ganhar mais com todo este enredo.
Quanto mais encostada à parede estiver a plebe, mais cedências vai fazendo. Não haja ilusões que isto das crises é como o preço da gasolina. Quando o petróleo sobe a gasolina aumenta em proporção no segundo a seguir, quando baixa demora mais tempo e nunca é proporcional, alguém fica sempre a ganhar mais qualquer coisa.
Entretanto, enquanto o pau vai e vem alguém leva nas costas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Liberalismo Libertino

O expoente máximo do liberalismo e da globalização, provou do próprio veneno e está com uma certa indigestão. A galinha dos ovos de ouro da especulação deixou de pôr ovos, é o salve-se quem puder, George W Bush engendrou um plano de salvação nacional, o palhaço McCain juntou-se a ele a ver se se escapa ao debate com Obama...enfim um molho de brócolos à americana. A chatice é que ainda vamos pagar a factura deste circo.

Terrorismo Social

A notícia do jovem que esta semana matou dez pessoas numa escola na Finlândia deixou-nos mais uma vez perplexos. O feito não é novidade mas não deixa de ser sempre surpreendente. Que sociedade é esta em que vivemos alheados dos sinais de violência eminentes e que permite a inevitabilidade de tais actos.
Nos EUA surge sempre como justificação a facilidade de obtenção de armas assim como a repressão social dos meios mais provincianos. Que dizer então de sociedades como a Britânica e a Finlandesa? Parece haver um mal-estar transversal que afecta as camadas de população mais jovem cuja única libertação para a raiva ou frustração recalcada é matar indiscriminadamente e acabar com a própria vida.
Estaremos perante uma forma de terrorismo social? Se a motivação não é o fanatismo religioso nem questões económicas, algo de muito errado aconteceu no percurso destes jovens que os levou a um estado de alienação de tal ordem que única forma de integração foi a desintegração total levada a cabo pelo assassinato dos seus semelhantes e consequente, ou não, suicídio.

domingo, 21 de setembro de 2008

A Sopeirinha


Por falar em memórias, sobrevive ainda, aparentemente de boa saúde, a Sopeirinha.
Fui muitas vezes comprar café nesta loja com as minhas avós e a minha mãe. Inebriada pelo cheiro aguardava pacientemente pelo atendimento que tardava sempre, tantas eram as solicitações. Entretinha-me a ver as vitrines com café embalado, e observava atentamente aquele ritual da moagem ali mesmo à nossa frente. Depois levávamos aquele aroma embrulhado num cartucho dentro da mala até casa, como se fosse um tesouro.
Hoje compro café no supermercado, mas ficou-me o gosto para toda a vida. Uma chávena grande meio cheia com duas colheres de açúcar.

Sinais da crise

Hoje deambulei pela Baixa de Setúbal, algo que já não fazia há algum tempo. Para além das obras na Avenida Luisa Todi que enchem tudo de pó e ofuscam o pouco verde já existente, deparei-me com um cenário de desolação de ruas sujas, lojas encerradas -por falência certamente, sendo que muitas das sobreviventes exibem um aspecto decadente...toda a baixa envolta numa espécie de premonição do fim. Sobrevivem os franschisings e as lojas chinês, tudo o resto vai-se transformando aos poucos em memória. Triste cidade esta, cada vez mais uma sombra de si mesma. Irão todos os projectos Polis desta vida chegar para inverter o marasmo? Tenho as minhas dúvidas.

domingo, 31 de agosto de 2008

Carla Bruni - L'amoureuse

L'amoureuse

Il semble que quelqu’un ait convoqué l’espoir
Les rues sont des jardins je danse sur les trottoirs
Il semble que mes bras soient devenus des ailes
Qu’à chaque instant qui vole je puisse toucher le ciel
Qu’à chaque instant qui passe je puisse manger le ciel
Les clochers sont penchés les arbres déraisonnent
Ils croulent sous les fleurs
au plus roux de l’automne
La neige ne fond plus la pluie chante doucement
Et même les réverbères ont un air impatient
Et même les cailloux se donnent l’air important
Car je suis l’amoureuse, je suis l’amoureuse
Et je tiens dans mes mains la seule de toutes les choses
Je suis l’amoureuse, je suis ton amoureuse
Et je chante pour toi la seule de toutes les choses
Qui vaille d’être là qui vaille d’être là
Le temps s’est arrêté les heures sont volages
Les minutes frissonnent et l’ennui fait naufrage
Tout paraît inconnu tout croque sous la dent
Et le bruit du chagrin s’éloigne lentement
Et le bruit du passé se tait tout simplement
Les murs changent de pierres
Le ciel change de nuages
La vie change de manières et dansent les mirages
On a vu m’a-t-on dit le destin se montrer
Il avait mine de rien l’air de tout emporter
Il avait ton allure ta façon de parler
Car je suis l’amoureuse, oui je suis l’amoureuse
Et je tiens dans mes mains la seule de toutes les choses
Je suis l'amoureuse, je suis ton amoureuse
Et je chante pour toi la seule de toute les choses
Qui vaille d’être là qui vaille d’être là

Kafka à Beira Mar

Haruki Murakami, foi o meu companheiro de férias com o seu Kafka à Beira Mar. Estes japoneses são loucos, se ainda dúvidas restassem, mais uma obra literária a comprová-lo. No meio da sua loucura uma capacidade imensa de ser feliz de uma forma que nós ocidentais nunca iremos compreender.

«Há anos que Nakata não sabia o que era ver o mar, uma vez que não havia mar em Nakano. Agora, pela primeira vez, dava-se conta das muitas saudades que tinha. Durante todos aqueles anos não pensara sequer nisso. Como que a confirmar esse mesmo facto, acenou afirmativamente com a cabeça, esfregou o pouco cabelo que tinha, voltou a enfiar o gorro e deixou-se ficar ali durante muito tempo, sem tirar os olhos do mar. Tudo o que sabia acerca do mar confirmava aquilo que os seus olhos abarcavam: estendia-se a perder de vista, a água sabia a sal e era lá que os peixes viviam.
Ficou sentado no banco, a respirar o ar do mar, vendo as gaivotas a voarem em círculos por cima da sua cabeça, observando os barcos ancorados ao largo. Olhava e olhava e não se cansava do que via. Volta e meia uma gaivota branca pairava sobre as verdes ervas de Verão e pousava no parque. O contraste do branco com o verde dava um belo quadro. Nakata tentou chamar uma gaivota que andava por ali a passear na relva, mas ela não lhe deu resposta, limitando-se a lançar um olhar impessoal. Não se via nenhum gato. Os únicos animais no parque eram as gaivotas e os pardais. Enquanto Nakata bebia pequenos goles de chá do seu termo, começou a pingar, e ele abriu o seu precioso chapéu -de-chuva.»

Nocturnos de Agosto (2)





Nocturnos de Agosto








segunda-feira, 23 de junho de 2008

Globalmente falando

Não acredito em reviravoltas proteccionistas. Dava jeito à Europa fechar-se sobre si própria para manter as suas políticas sociais, não creio que tal seja possível. A globalização económica é uma fonte de lucros para muitos (que na realidade são muito poucos). Por outro lado, o povo europeu não parece estar disposto a competir com a China e deitar por terra todas as conquistas sociais de décadas de luta, e ainda bem. Pergunto-me porque razão os governos da UE continuam numa espécie de negação, quando deveriam estar concentrados em reverter através de regualmentação os efeitos mais nefastos da globalização, já que a mesma parece inevitável e irreversivel?
Isto é como a legalização das drogas leves e as políticas antitabagistas, não se podem proibir, mas podem-se atenuar.

Nem o pai morre...

Os amigos do presidente Bush vão queimar os últimos cartuchos até ao fim de 2008, pelo que até lá não se vislumbra fim da crise. O preço do petróleo vai continuar especulativamente alto e com isso, tudo o que daí advém.

Urbanidades

Quando o calor aperta e a sede desperta, vou mais vezes à varanda (que sorte, tenho três varandas), de ano para ano conto menos árvores e mais gruas...todas as casas são publicitadas pelas árvores que por lá viviam antes. Dos sobreiros só resta betão ...a nova Setúbal está aí a entrar-me pela porta adentro. Já mal se respira por aqui.

domingo, 4 de maio de 2008

philip glass: metamorphosis 1

Amores Perros

Imperdivel. A vida é, de facto, uma estranha equação matemática. Alejandro Gonzalez Iñarritu conseguiu filmá-la.

Quebra de silêncio

Um mês de silêncio forçado. A ditadura do trabalho e do tempo prega-nos destas partidas. A bem da verdade, diga-se que também não tenho tido grande disposição para comentar os desaires Político-Socíais do País.
Há temas que me cansam pela sua repetição. Sinto-me a viver numa espécie de representação do real...numa espécie de realidade paralela. A minha e a dos políticos. A coisa pública não serve os cidadãos, nem as empresas, como seria desejável, as reformas são lentas ou inadequadas, os discursos dos políticos e dos parceiros sociais são caducos e mais uma vez, alheios à realidade, ao dia à dia das pessoas e áquilo que são as necessidades mais básicas dos cidadãos...ir ao médico sem perder um dia de trabalho e ter a garantia de ser visto pelo mesmo, é em Portugal um horizonte longínquo e enquanto algo tão básico se mantiver assim, nem vale a pena discutirmos o resto. Quanto mais complexas as questões mais alheia à realidade está a classe política portuguesa... pergunto-me se algumas, para não dizer muitas, dessas pessoas alguma vez trabalharam em empresas privadas (sem ser em cargos de chefia ou direcção) ou precisaram de consultar um médico do SNS como cidadão anónimo...
Se ficar calado põe em risco a democracia, embarcar em constantes devaneios partidários também não nos parece levar muito longe (muita discussão, focada no ataque partidário e pouca acção traduz-se em inércia). Vejo na Política em Portugal um reflexo de tudo o resto e vice versa. Não acredito em soluções milagrosas para problemas estruturais que assolam o nosso País, mas sinto-me como muitos, cada vez mais impotente para nadar contra a maré.

sexta-feira, 7 de março de 2008

A vida é injusta


Não entendo tanto mal estar em relação a este tema....Deveria ser um processo normal em toda e qualquer profissão. Lá na minha «loja» é comum. A «loja» tem objectivos e a malta tem de estar à altura, quem não estiver, tem de ir pescar para outro lado. Ter de apresentar resultados é uma chatice, mas o trabalho é mesmo assim. Queremos os melhores professores, e os que o são, acredito que nada têm a temer. Alguém acredita que o Ministério da Educação se deu a esta trabalheira toda com constante exposição da Ministra a «linchamentos» públicos só para chatear os professores? Eu não. Como cidadã exijo excelência no Ensino Público e se para isso é preciso aborrecer os professores, temos pena. As histórias de polícias a fazer listas nas escolas, ainda não percebi bem...mas como o Presidente da República está no Brasil e diz que não fala de Política Interna, quando está fora do país (nem no Carnaval, como também já referiu), vamos aguardar que o homem chegue ao recesso do lar para nos esclarecer.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Obras no caminho

Há pelo menos um mês que duram as obras no cruzamento do Monte Belo em Setúbal. Tendo eu o infortúnio de por lá passar todos os dias.
Começa agora a decortinar-se uma bela rotunda. É já a Nova Setúbal a emergir do alcatrão.
Só espero que os semáforos não sejam retirados, é que o bom condutor português não é muito dado à regra da prioridade, e prevejo que a rotunda passe muito rápidamente a Carrocel ou Circo Munícipal.
Fico na esperança, que estes temores sejam só o meu desconhecimeno do plano de engenharia.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Cartinhas

Por ter graça e por conhecer os intervenientes desta salutar troca de emails, aqui fica para a posteridade blogosférica.
«Meus caros ex-colegas, ex-chefes, amigos em geral: Uma vez que cometi a indecência de não vos enviar os votos para o Natal 2007 / Ano 2008, antecipo-me alguns meses: Feliz Natal (2008) e um óptimo Ano (2009)!!!!E que tudo corra, pelo menos, "benzinho" neste ano de 2008!!!Cumprimentos cordiais, saudações profissionais e "palmadas nas costas".
Carlos, o Carvalho
P.S. Se ainda não têm um VW EOS comprem! É do "melhorzinho" que por ai se faz e ajudam a pagar o meu vencimento ao fim do mês...»
«Desde já um grande bem haja para ti. Como o Natal é quando o homem quiser eu aproveito desde já para vos desejar um feliz natal já para este mês de fevereiro. E que a primavera seja solarenga mas aguada ao mesmo tempo, que eu não gosto de ver aquelas noticias a dizer que estamos em tempo de seca. Viva o EOS para ti, Vivam as impressoras e os tinteiros para mim
Pedro, o Geraldes
(HP Portugal)»
«Meu caro Geraldes,
Folgo em saber que continua na Hipólito Pneus. Grande firma, alguns produtos fraquinhos, mas grande firma.
Felicito-o por não olvidar a humidade Primaveril, tão necessária que é à vida humana. Infelizmente a seca está por cá de novo...e parece ser a pior de todas.
E família, como é? Já é bi-pai ou tri-pai? Meninas tem? O meu piqueno, de dois anos, já está na idade de lhe encontrar noiva capaz.
Cumprimentos,
Carlos, o Carvalho»
Continuem lá a conversa, que eu trato da publicação.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Ensinar a questionar - Precisa-se!

Esta 6ª feira estive no Instituto Politécnico de Setúbal onde fui, na qualidade de coordenadora de Estágio, assistir à apresentação do relatório final da jovem que fez o estágio curricular no departamento da Empresa onde trabalho.
Terminada a apresentação e a discussão académica sobre os pormenores técnicos do dito relatório, vi-me confrontada com a avaliação final feita pelas professoras presentes. Tudo o que diziam fazia sentido e conseguia perceber o porquê das penalizações na nota, entretanto lá ia perguntando qual o peso do desempenho no estágio na avaliação final, visto que o mesmo havia sido bastante positivo, e que a aluna tinha revelado muito boas capacidades profissionais..., de repente não resisti e resumi em voz alta os pontos que as professoras iam apontando aqui e ali relativamente ao dito relatório:
- Falta espírito crítico, não é?
Olharam para mim concordantes e irresistivelmente continuei:
- Pois é, o Ensino continua a valorizar mais a memória e menos a dúvida...a melhor aluna da minha turma decorava tudo....
Não adiantámos muito mais a conversa, mas lá lhe deram mais um ponto.

Ecologicamente Incorrecto


O designado Biocombustivel está a ganhar terreno e como seria de prever, o Homem não olha a meios quando sente cheiro a dinheiro.
A utilização de combustíveis elaborados a partir de produtos agrícolas (nomeadamente de cereais) está a revelar-se perigosa em termos ambientais e sociais. As superfícies cultiváveis serão usadas para estas mega produções em detrimento de outras destinadas à alimentação. O impacto na subida de preços de bens essenciais como o leite, o pão, e muitos outros alimentos, far-se-á sentir como nunca. Se não se põe mão nisto estamos a resolver o problema das energias não renováveis criando outro ainda maior. A conta do supermercado já reflecte os efeitos desta nova corrida ao «petróleo vegetal».

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A Vida dos Outros

Andando arredada das salas de cinema, as películas chegam cá a casa com algum atraso, mas nem por isso ficam esquecidas. Esta vale a pena, ver e rever.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A crise do Referendo

Será que o País precisa de mais um longo e intenso debate, sobre algo que já foi feito e refeito, discutido e dissecado por esta Europa fora? Suponhamos que sim. Caso o Tratado de Lisboa não passasse no referendo o que mudaria? Sinceramente não consigo vislumbrar mais nesta insistência do que uma tentativa por parte da oposição em agarrar uma boa oportunidade de pré-campanha eleitoral. Mas isto sou eu que deconfio sempre destes afrontamentos.

Beirut

Isto é muito bom.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Luiz Pacheco


«Pena não haver um gravador automático de sonhos. Ou pelo menos, ainda eu não ter, à noite, um gravador fácil de manejar estremunhado, pois quando o sonho «corta», como numa filmagem, quase sempre me recordo perfeitamente dos seus pormenores, comento comigo, rebusco causas próximas ou longíquas, tento achar explicações (mas o meu conhecimento de Freud e sequazes ou opositores é muito superficial) e quase sempre me escapa o sentido do sonhado.»

Luiz Pacheco 2/11/1975 Diário Remendado


Fica a obra a dar sentido ao sonho.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O Tédio Nacional

De quando em vez a RTP ( e os outros canais também) mostra uma daquelas reportagens sociais sobre a vidinha urbana da classe media. Lá vêm as correrias entre a casa, a creche, o trabalho, os transportes, públicos ou particulares, as filas de trânsito, a falta de tempo, e por aí fora começa a ser desfiado o role de lamentações do costume. Fico cansada só de assistir.
Tudo isto é verdade e já se sabe. Não sou diferente e estou no mesmo barco que toda essa gente, talvez com a sorte, e também a opção, de trabalhar relativamente perto da minha residência, o que reduz de certa forma o tempo na estrada, de resto é igual. É uma boa vida? Depende do ponto de vista, o que não tem de ser é uma ausência de existência como transparece sempre das ditas reportagens, em que os intervenientes aparecem como vitimas de um total sacrifício, castigo ou punição simplesmente porque têm de trabalhar todos os dias e educar os filhos como podem. Trabalhar é uma chatice, mas é preciso. E que bom que é ter trabalho, nos dias que correm. O que não é bom é a alienação ao que nos rodeia. Fico sempre com a sensação de que faltou abordar o ponto essencial, que é este. É uma canseira de vida, mas nunca tantas coisas foram tão acessíveis a tanta gente, o que faz a diferença é a forma como olhamos para essas coisas. As peças jornalísticas de que falo, cuja intenção deverá ser abordar a difícil logística decorrente da vida nas grandes cidades e as dificuldades diárias das famílias, acabam invariavelmente por deixar um retrato de pessoas que se deixaram alienar por uma espécie de existência transcendente, no mau sentido, no sentido em que toda a sua vida se resume ao entediante sacrifício de ir trabalhar, regressar a casa no final do dia para uma entediante vida doméstica, com os olhos posto no entediante dia seguinte, igual ao anterior. Com todas as minhas correrias diárias, que são bastante consideráveis, não me revejo nesta abordagem e ainda bem.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Carta de Intenções para 2008

Ah pois é! Carta de intenções soa-me melhor que objectivos, ao menos assim não há aquela obrigação procedida do sentimento de culpa, quando a coisa resvala para o «É pr' amanhã...».
Então aqui vai, para que fique registado:
- Escrever mais sobre diversos e variados assuntos de interesse nacional e moderadamente pessoal neste lindo blogue, que à falta de remendos trocou o traje completo.
- Ler mais.
- Ler mais.
- Ler mais.
- Aprender a tocar guitarra (isto costuma dar aos 16, mas como só agora me ofereceram uma, talvez ainda vá a tempo de aprender a tocar o fungágá da bicharada para cantar com o meu filho).
- Tornar-me hipocondriaca (ir a médicos de todas as especialidades, oftamologista e dentista em particular).
- Visitar a Escócia.
- Terminar a Formação de Alemão (em curso) com nota máxima.
- Perder 3 quilos (Não escapei à regra da fofura natalícia).
- Voltar a fumar (esta não é para levar a sério).
- Ir ao Ginásio (esta também não).
Assim de repente não me sinto intencionada a muito mais, e como o inferno está cheio, deixemos as boas intenções por aqui.

Ar Fresco

Este Blogue chegou ao fim de 2007 mais morto que vivo, mas chegou. Vamos lá aproveitar a alvorada do novo ano para agitar as águas turvas da preguiça.

Com ou sem FMI...