sábado, 28 de abril de 2007

Em nome do Pai

O pai dos nacionalistas portugueses está morto e enterrado, mas a mocidade quer à viva força avivar memórias do passado. Como aliados têm os conterrâneos devotos que vão aproveitando estas romagens para animar um lugarejo onde nada acontece. Deixá-los, quanto mais relevância se der a estas manifestações de alegre devoção mais aliados escondidos põem a cabeça de fora. Esta parece ser uma estratégia muito bem aproveitada pela mocidade, vão criando pequenos incidentes com projecção nos media e lá vão aparecendo, agora, quase diariamente nas televisões e jornais. Um cartaz aqui, uma prisão acolá, uma romaria além, e perante isto uns revoltam-se e outros apoiam. E são os que apoiam o alvo desta campanha de constantes aparecimentos forçados. Enquanto a Democracia conseguir rir destes eventos não existirá grande motivo para preocupações, mas é bom que não se riam por demasiado tempo, pois os tempos de crise económica fomentam radicalismos e num País como o nosso que sofre de iliteracia crónica, estes avanços podem ser perigosos a longo prazo, servindo-se dos mecanismos democráticos e das suas fragilidades esta gente vai avançado enquanto puder, estejamos pois muito atentos.

Autarquias em Autogestão

Pelo caminho que levam os ilustres presidentes das nossas autarquias (e respectivas equipas), tanto à esquerda como à direita, não tarda tudo o que é Câmara passará a funcionar nos tribunais e esquadras da polícia. Aqui está uma bela poupança que o nosso ministro António Costa ainda não se lembrou.
Que palhaçada.

Felizes felinos


Os meus gatos preguiçam ao sol amornando-se e provocando uma certa inveja em nós que os observamos.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O Primeiro dia...


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 15 de abril de 2007

Clamores


Clamo dentro de um círculo
é um confuso clamor de silêncios subterrâneos
de alguém envolto numa névoa tenaz alguém que é ninguém
e todavia é um cavalo esquartejado

Sou uma palavra anelante uma palavra suspensa
que quer ser mão estrela navio ou cometa
o voluptuoso pulso de um felino
o puro espaço de um olhar
uma varanda aberta para um silêncio azul
uma amêndoa de água lisa e musical

Busco a liberdade busco a dança
busco o diamante de água
e sinto a tranquila rosa da liberdade estática
dinâmica pura na sua inércia pura
Busco a liberdade busco a dança
no apetite inteiro da vida inteira
com a fúria de um búfalo e a delicadeza de uma gazela

Quero encontrar uma palavra que seja apenas uma palavra
como uma arma nua e transparente
quero encontrar uma palavra como uma nuca sem palavras
quero encontrar uma palavra maravilhosa como um clianto
que é uma palavra e uma flor na plena aliança da voz e da visão

quero reunir os gomos de uma laranja de silêncio
quero adivinhar uma ternura trémula nas portas de lua de uns joelhos
quero e quero e cada vez mais quero as palavras vivas
tão frescas e delicadas como o púbis de uma adolescente
tão solitárias e luminosas
como os campos imóveis sob a lua
tão minuciosas e puras como a concha de oiro e trigo de um umbigo
tão movediças como a migração da areia para o mar
tão resplandescente como as ilhas brancas do meio-dia
António Ramos Rosa, «Clamores» Imagem: R.Margritte

Fugas


Quando o sol brilha mesmo a sério, o mundo torna-se mais apetecivel, a própria vida fica mais apetecível. Se além disso a temperatura sobe ligeiramente a disposição alegra-se e torna-se mais fácil sorrir e dizer bom dia.
E não é que os dias estão quase, quase a ficar assim? Este fim de semana fui em Romaria por terras alentejanas fugi das correrias da semana e fui respirar os ares do campo, voltei de alma lavada.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Quase como na América

Acabei de assistir à entrevista a José Socrates e ocorreu-me que se esta busca incessante do esqueleto no armário persiste, ainda se arranja um qualquer escândalo sexual para derrubar o governo. Se não se consegue fazer oposição pelas vias normais venham então as dúvidas sobre os cursos, o local das férias, a família, as preferências sexuais, as namoradas, os telefonemas, os amigos, os colegas, enfim, aquilo que se lembrarem para animar a comunicação social e os opinion makers que se entretêm com estas coisinhas de gente pequenina. Se na América quase conseguiram despachar um presidente com um vestido mal lavado, de certeza que por cá bastará um par de meias ou um papelucho rasurado.

domingo, 8 de abril de 2007

Pequenos prazeres

A gula é um pecado delicioso, escutar Bach, também. Aproveitem.

Filhos e enteados


Um belo fim de semana prolongado. Mais pagão que cristão, falo por mim e por muitos. Não percebi muito bem o porquê da tolerância de ponto na Função Pública na quinta- feira à tarde eu tive que trabalhar. Lá no sítio onde trabalho quando fazemos «pontes» tiramos dias de férias, e só quando o trabalho que temos em mãos permite, esta coisa das pontes faz-me uma certa confusão, se calhar é inveja. Deixo aqui o meu apelo ao governo que decrete pontes para a malta toda ou então acabe com elas, já que estamos numa onda de igualar direitos e deveres. Sinto-me lesada como cidadã não poder usufruir de um serviço que pago com os meus impostos porque alguém decidiu que o pessoal podia ir a banhos um dia mais cedo enquanto o resto do País continuava a produzir.

sábado, 7 de abril de 2007

Resumo semanal

Uma semana arredada da Blogosfera é uma eternidade. Assuntos não comentados: A guerra dos cartazes, a Licenciatura do primeiro Ministro, a libertação dos marines ingleses lá para os lados do Irão, e provavelmente mais uma mão cheia de notícias quentes e boas com maior ou menor relevância. De todos estas «festividades» voto no cartaz dos Gato Fedorento. Humor com humor se paga, sim porque o cartaz do PNR é um tudo nada hilariante pela sua estupidez, daí ter tido a paródia merecida. Mais uma vez estes quatro rapazes mostraram que o humor pode ser uma arma muito poderosa e não se coibem de usá-la caricaturando de forma genial aqueles cujo pensamento político-social resvala para caminhos irremediávelmente caducos e anti-democráticos. Espero que mantenham sempre esta coragem e não se percam nos meandros dos figurinos públicos nacionais.

Com ou sem FMI...