quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O filme perfeito


Kim-Gi-deok consegue com este filme a proeza de condensar todo o sentido da vida, partindo do princípio que nela reside um sentido, numa história singular.
A singularidade deste filme reside no inevitável abandono do espectador á contemplação de um mundo mágico em que as personagens levitam através do tempo rumo aos seus respectivos destinos. Esse mundo mágico é composto por imagens, por sons, por inevitabilidades. Cada imagem encerra em si todo o espírito do Oriente. A natureza em constante mutação à qual o homem não consegue fugir mas cuja marca vai deixando para trás, como pegadas no tempo.
A não perder.
http://www.asia.cinedie.com/spring-summer.htm

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

A falta de tempo


«O Papalagui nunca está contente com o tempo que lhe coube e censura o Grande Espírito o não lhe ter dado mais. Chega mesmo a blasfemar contra Deus e a sua grande sabedoria, dividindo e subdividindo cada novo dia que nasce, segundo um plano bastante preciso. Corta-o como se cortaria em pedaços uma noz de coco mole com um cutelo. As várias partes têm todas elas um nome: segundo, minuto , hora.(...)
O Papalagui emprega todas as suas forças, bem como a sua capacidade de raciocínio, em tentar ganhar tempo. Utiliza a água, o fogo, a tempestade e os relâmpagos para parar o tempo. Põe rodas de ferro nos pés e dá asas ás palavras, só para ganhar tempo. E porquê tanta canseira? Como é que o Papalagui emprega o seu tempo? Nunca percebi muito bem, embora, pelos seus gestos e palavras, sempre me tivesse dado a impressão de alguém que o Grande espírito tivesse convidado para um fono.
A meu ver, é precisamente por o Papalagui tentar reter o tempo com as mãos que ele lhe escapa por entre os dedos, como uma serpente por mão molhada. O Papalagui nunca deixa que ele venha ao seu encontro. Corre sempre atrás dele de braços estendidos, não lhe concede o repouso necessário, não o deixa apanhar um pouco de sol. Tem que ter sempre o tempo ao pé de si, para lhe cantar ou contar qualquer coisa. Mas o tempo é calma, é paz e sossego, gosta de nos ver descansar, estendidos na nossa esteira. O Papalagui não se apercebeu ainda do que o tempo é, não o compreendeu. É por isso que o maltrata, com os seus modos rudes.»
Discursos de tuiavii chefe de tribo tiavéa nos mares do sul - O Papalagui

domingo, 28 de janeiro de 2007

A obsessão do clima


A Comunicação Social aderiu á causa Nacional de Meteorologia.
Pois é. Deixámos de ter, primeiro o Sr. Sério e depois as meninas da meteorologia, que muito profissional e cientificamente nos punham a par do tempo que se iria fazer sentir no dia seguinte (com muito centro de baixas e altas pressões, muito anticiclone, precipitação e aguaceiros), para que este tema passasse a fazer parte integrante dos telejornais nacionais, perdendo o seu cariz cientifico e popularizando-se.
Foi assim, que temperaturas abaixo ou acima dos 20 graus centígrados se tornaram notícia. No Verão apanhamos com as reportagens sobre o calor. Lá vêm as entrevistas de rua a perguntar ao incauto transeunte se tem calor, se já bebeu água, se no dia anterior acha que esteve mais calor, etc. Chega o Inverno e temos o problema do frio e da chuva. Uma chatice. Lá vem a bela da entrevista novamente. Se tem frio, se se lembra de ter tido frio noutras alturas, os ensinamentos sobre o que se deve vestir, comer e beber para combater o frio, como se toda a população fosse uma mutação genética com epiderme desprovida de qualquer sensibilidade à temperatura e cuja sobrevivência está dependente destes avisos.
É sabido que não há conversa de circunstância que não tenha como nota introdutória o Está um bafo que não se pode... – ou - Hoje está fresquinho, já para não falar do cinzentismo nacional que piora no Inverno, só faltava a nossa comunicação social a fazer também notícia da meteorologia, como se dia sim dia não o País fosse atingido por um tufão. Isto somado aos alertas, que se fossem levados a sério tomavam de pânico a população.
Chama-se a isto encher chouriços.

sábado, 27 de janeiro de 2007

O Porquê do meu SIM


SIM porque sou contra o aborto.

O aborto clandestino
O aborto sem acompanhamento psicológico
O aborto sem alternativa
O aborto de luxo para os mais favorecidos
O aborto de vão de escada, para os menos favorecidos
O aborto às muitas mais de 10 semanas
O aborto Traumático
O aborto esterelizante
O aborto sem histórico clinico....como se nunca tivesse acontecido
E a culpa...
Votarei SIM pelos 95% das mulheres que por não terem alternativa (independentemente dos motivos), têm de suportar além da sua própria culpa, o peso da lei que as condena, da sociedade que as estigmatiza no esplendor máximo da sua hipocrisia, e de todos os arautos da moralidade que lhes apontam o dedo, às mulheres, tantas vezes vitimas ao longo de décadas passadas desses mesmos moralistas cheios de sofismas caducos.
Não defendo o aborto, defendo as mulheres.
Uma criança quando nasce deverá ser sempre uma benção e não um castigo, deverá ser bem vinda e não renegada, talvez assim se combatam outros problemas atrozes como os maus tratos e os abusos.
São estas as minhas razões. Quanto a discussões e polémicas, sinceramente, já não tenho paciência. E ainda menos quando se constata que os defensores do NÃO, são os mesmos que também discordam da educação sexual nas escolas, uso de anticoncepcionais, etc.. No que é que ficamos? Virgens até à morte, presumo.

Plágio... plagiar perdidamente


Esta questão do nome do Blog não me está a correr nada bem. Contrariedades de quem se estreia na Blogosfera. Inadvertidamente sai-me com um Plágio do plágio ... peço muitas desculpas ao Pedro Nunes. Para me redimir, coloquei o link ao diário remendado aqui ao lado, visto não conseguir ultrapassar esta crise de falta de originalidade. É que se assim não for isto nunca mais começa...

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Remendos

Eis-me na tão propagandeada blogosfera. Há já algum tempo que sentia o apelo desta experiência, mas a falta de tempo foi servindo de desculpa para adiar o projecto. Ano novo, vida nova e lá foi desta. Atribuir nome a um Blog é uma odisseia. Depois de algumas aturadas horas de brainstorming comigo própria, exercício do qual saíram variadas hipóteses, constatei no acto de criação propriamente dito, que metade dos nomes eram demasiado extensos, outros demasiado comuns e os dois eleitos já existiam. Estava prestes a desistir não fora o Luiz Pacheco com o seu Diário Remendado a servir-me de inspiração. Obrigada.

Vivendo num País em que o remendo comanda a vida, nenhum titulo viria mais a propósito. Vamos lá ver se tenho linha e trapinhos suficientes para tão extenso guarda-roupa.
Até amanhã.

Com ou sem FMI...